Arte de Escrever – Tribuna do Norte

Woden Madruga
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Na gaveta dos papéis desarrumados encontrei este bilhete, sem data, do grande Veríssimo de Melo (1921/1996). Pelas minhas contas acredito que tenha sido escrito no começo dos anos de 1980. Vamos lá:
“Woden, meu abraço.
Faz tempo que eu não frequento os ares de sua coluna. Os verdes canaviais de sua paisagem jornalística. Veja aí em cima o que escrevi sobre a arte de escrever. Foi em recente artigo. Pincei apenas o que se refere à arte de escrever. Modéstia à parte, pareceu-me boa a colocação. Se você gostar, meta-a na sua coluna. Em caso contrário, cesta nela.
Abraço do Veríssimo de Melo. ”
Segue o artigo:
“Que os jovens escritores e poetas não esqueçam jamais: escrever é arte requintadíssima. Complexa. Que exige infinitas e sutis qualificações pessoais. Algo que só tempo irá conferindo, lentamente, a cada escritor vital.
Pode parecer o óbvio o que estamos tentando proclamar. Mas, não importa. As verdades essenciais precisam ser ditas e repetidas cem vezes para que os jovens possam assimilá-las na pele e na inteligência. Assim intuímos pela experiência de velho leitor. Pela observação aguda de textos fundamentais – como os de Flaubert, Dostoievski, Cervantes – para só citar três monstros sagrados.
Por isto, se nos perguntassem qual o segredo maior da arte de escrever – arriscaríamos em ponto de vista: se não existirem um músico e um pintor enrustidos no escritor – este já não é nada ou é outra coisa. A arte de escrever exige musicalidade e plasticidade profundas na expressão vocabular.
As palavras são instrumentos misteriosos que vêm do fundo dos séculos. Para manejá-los com sabedoria, requer-se também habilidade de mágico e intuição de profeta, além de postura estética inarredável. ”
No mesmo envelope, outro bilhete de Vivi:
“Woden: meu abraço.
Estou enviando para o nosso livro sobre “Cartas e Cartões de Oswaldo Lamartine” mais um cartão e uma carta que ele mandou, na década de 70, para o mano Silvino Lamartine. A carta é uma maravilha poética. Passe os olhos.
Falei agora com Oswaldo e ele tem e está me mandando uma carta que considera oportuna para o livro. Não temos pressa. O livro está magro – só 50 páginas – pode caber mais algumas cartas. Vamos esperar.
Já deixei com você 2 fotos e a apresentação de Sanderson. Seguem agora mais 2 cartas (ou cartão). Pode mandar para Pinto que eu faço a revisão depois.
Abraços do Veríssimo”.
Livro Manoel Onofre Jr. está com novo livro na praça: “Além do Jornal”, reunindo crônicas e artigos publicado nos jornais desta aldeia cascudiana. Ótima leitura. Destaco o que ele escreveu sobre Sanderson Negreiros, na crônica “A Hora do Cronista-Poeta”:
Sanderson Negreiros, já consagrado como poeta de primeira linha, é, sem dúvidas, um dos maiores cronistas do Brasil, em todos os tempos. ”.
Concordo.
Mais livro Alcyr Veras está nos arremates do seu novo livro, o quinto: “Ensaios Sobre Nova Ordem Econômica Global”, já pegando os caminhos da editora.
Na Praça Aberta, ontem, sábado, está acontecendo hoje na Praça Pedro Velho, ares de Petrópolis, o projeto “A Leitura Vai à Praça”. Vai, sim. É uma promoção da Escribas Editora, bate-papos com escritores, artistas, leitores, amantes de todas as artes. Tem feira de livros, também. Ótimo passeio pela praça, das mais bonitas da cidade.
Na Academia Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:
Continua incerto o nome que vai ocupar a vaga na Academia Brasileira de Letras, com a morte do cineasta Cacá Diegues. O nome mais recente é do embaixador Rubens Ricupero, 88 anos. É autor de vários livros, entre os quais “A Diplomacia na construção do Brasil 1750-2016”. Nas últimas semanas, na sede da Academia, foram ventilados, entre outros, os nomes de Caetano Veloso, Nelson Motta, Mirian Leitão, Cristovam Buarque, Walter Salles, Marcelo Rubens Paiva, Margareth Dalcomo e Alberto Mussa.
São José Anote em sua agenda: Quarta-feira que vem, 19, lua ainda cheia, é o Dia de São José, reverenciado por todos os sertanejos. Na crença popular se chover nesse dia é sinal de ano de bom inverno. Num de seus artigos publicados nesta TN, o padre e escritor João Medeiros Filho, escreveu:
Os sertanejos esperam que chova no dia de sua festa. Acreditam que se houver precipitação pluviométrica nessa data (ou perto dela) é sinal de um inverno copioso”.
Tem chovido. Amém!
Chuva Segunda semana de março com boas notícias de chuvas pelos sertões potiguares, principalmente no Oeste e no Seridó. Na sexta-feira, as maiores foram no Agreste e Litoral: Monte Alegre, 92 milímetros, São Gonçalo do Amarante, 71, Natal, 58, Lagoa de Pedras, 50. Vejamos os números da Emparn (acumulados de segunda a sexta-feira, 14) na região Oeste: Portalegre, 74 mm, Mossoró, 58, Ipanguaçu, 56, Alto do Rodrigues, 53.
No Seridó: São Vicente, 64 mm, Lagoa Nova, 58, Carnaúba dos Dantas, 46, Florânia, 46, Currais Novos, 36. Em Juazeiro do Norte, do Padim Ciço, no cariri cearense, choveu 70 milímetros no dia 13, quinta-feira.
Poesia “Se eu sou a luz do Sol, para você, / A incandescer a sua alma de verão, / Você/ É para mim a água da chuva/ Que faz cantar/ O passarinho do meu coração”. (De Palmyra Wanderley em seu poema “Eu e Você”, no livro “Roseira Brava”, que teve nova edição lançada recentemente pelo Departamento Estadual de Imprensa).
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