desfecho é o pior pesadelo de Apple e Meta
A proposta excessivamente ampla do DOJ vai muito além da decisão do tribunal. Ela destruiria uma série de produtos do Google — inclusive além da Busca — que as pessoas adoram e consideram úteis em suas vidas diárias
Kent Walker, vice-presidente de assuntos globais do Google e da Alphabet
Por que é importante
O DOJ deu um tapa no que vinha fazendo a UE (multa mais exigências de mudança de conduta) ao mesmo tempo que apelou para um receituário conhecido. Dividir empresas em várias partes é carta que já pintou na mesa lá nos EUA nos casos do Sistema Bell (resultou em várias companhias telefônicas regionais) e da Microsoft (virou nada).
Esse último é quase um prenúncio do que pode acontecer. Na virada do milênio, o governo norte-americano decidiu separar a Microsoft em duas: Windows de um lado, e Internet Explorer do outro. O motivo: a empresa usava o sistema operacional para impulsionar seu navegador. Funcionou. O Netscape, uma vez líder de mercado, já era só uma lembrança quando a Justiça decidiu quebrar a empresa de Bill Gates no meio. Quando a gestão democrata de Bill Clinton deixou a Casa Branca, e o republicano George W. Bush assumiu, os ventos sopraram a favor de Gates. A companhia seguiu intacta, obrigada a ser supervisionada pelo governo e não repetir o mal feito.
Donald Trump assume em janeiro e tem escalado uma galera alinhada com a ideia de deixar a mão do mercado solta, soltinha, para, no máximo, tomar um tapinha de leve do Estado. Trump anunciou Pam Bondi para o DOJ. Ela é ex-procuradora da Flórida. Mas é o novo chefão da Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês) dá que o tom do que aguarda as Big Tech: Brendan Carr é crítico das redes sociais. Não por achar que são coniventes com discurso de ódio, mas por acreditar que excluem conteúdo demais -e pesam a mão com os conservadores. Mais favorável ao “liberou geral” do que ele, só o Elon Musk.
UOL