Guinada Eletrônica: novo álbum da banda Far From Alaska aponta para uma nova faceta do grupo

A banda Far From Alaska colocou Natal no mapa do rock alternativo nacional em 2012. As letras em inglês embaladas por um indie rock vigoroso e pesado, entre o punk e o hard rock, conquistaram fãs não só no Brasil, mas fora – incluindo famosos como Shirley Mason, da banda Garbage. Radicado em São Paulo desde 2014, o grupo segue tocando e avançando barreiras, o que pode ser ouvido em seu mais novo álbum, “3”, lançado recentemente nas plataformas digitais. Os disco mostra a banda em uma inédita guinada eletrônica.
O disco foi concebido em meio aos desafios impostos pela pandemia de 2020, quando o isolamento e a incerteza global criaram o cenário propício para uma reinvenção artística. O isolamento fez o trio descobrir os encantos das sonoridades sintéticas, experimentando sintetizadores e beats aliados às guitarras. O resultado é “3”, que transita entre o “roqueiro eletrônico” e elementos mais pop, reggae, hyper pop, e até um surpreendente “cyber xote”.
A “skin eletrônica” do Far From Alaska é uma novidade que a banda está feliz em exibir. Cris Botarelli, tecladista, conversou com a TRIBUNA DO NORTE sobre a nova estética sonora do grupo, e como ela é apenas uma “roupa nova” que não muda sua identidade. “Acho que estar vivo é isso, mudar, fluir. Fazer mais do mesmo, além de não ter graça, não faz o menor sentido pra gente”, disse. Confira o bate-papo:
- A mudança de sonoridade em “3” influenciou a forma como vocês escreveram as músicas?
Na verdade, foi o contrário. A forma como escrevemos as músicas, pelo computador pela primeira vez, influenciou a sonoridade desse disco. Isso porque apesar de sermos uma banda bem orgânica, na pandemia ficamos impossibilitados de nos encontrar e começamos a compor em casa mesmo, com instrumentos digitais e etc. Isso deu o tom desse trabalho.
- Vocês sentem que os fãs de longa data podem estranhar essa nova estética sonora? Como tem sido a resposta dos fãs desde o lançamento dos EPs?
Os fãs de longa data já sabem que a gente não se compromete com absolutamente nenhuma estética musical desde que começamos a banda. A gente gosta de se reinventar, de explorar coisas novas. Acho que estar vivo é isso, mudar, fluir. Fazer mais do mesmo, além de não ter graça, não faz o menor sentido pra gente. Ainda sim, é um disco do Far From Alaska, tem muitos elementos do nosso DNA nele, é só uma roupa nova. E é muito legal ver que a galera que acompanha há muito tempo abraça essas mudanças, aceita nossas loucuras e vibra junto conosco! Tem sido muito legal ver a reação das pessoas!
- “3” marca uma mudança pontual ou essa guinada para o eletrônico é um caminho sem volta para o Far From Alaska?
O “3” é um retrato de um momento. O próximo disco, ninguém sabe o que será ainda. Nada é definitivo, tudo muda na vida, tudo flui. Quando a gente começar a compor de novo, quem sabe quais as coisas que estarão nos inspirando? A gente vai seguir abertos pro novo, então, em resumo: vai saber! Hahaha!
- Quais artistas ou sonoridades serviram de inspiração para essa nova fase da banda?
Acho que electro rock no geral, a parte roqueira da Lady Gaga (inclusive foi nosso orgulho ao ouvir o novo disco dela e ver que o 3 está no mesmo universo), música pop em geral também, no sentido de compor mais “canções”.
- Como surgiu a música que vocês definiram como um “cyber xote”?
“Cyber xote” veio de uma base feita por nosso amigo querido Gabriel Du Souto. E logo quando o Raffa colocou os riffs de guitarra, a gente quis que a letra fosse contando uma história, como uma releitura nossa de repente. Essa é muito divertida de tocar nos shows!
TRIBUNA DO NORTE