Fonte: Diário da Região - Imagem: divulgação
Facilidade do ensino a distância estimulou terceira idade do Noroeste Paulista a voltar para a sala de aula
Nem a pandemia fez Maria de Fátima Marques Silva desistir de cursar as sonhadas faculdades de letras e psicologia. Aos 61 anos, a aposentada cursa simultaneamente os dois cursos superiores em Rio Preto. Quem também resolveu fazer a segunda graduação na terceira idade foi Elcio Massoni Gonçalves, de 64 anos. Aluno do quarto semestre de direito, o contador rio-pretense encontrou na terceira idade a chance de fazer a faculdade que pretendia cursar quando era jovem.
Já Maria José da Silva Crispim, de 79 anos, encontrou nas aulas online do neto Leonardo Brito Martinez, de 7 anos, em Catanduva, a oportunidade de escrever suas primeiras palavras da vida. A idosa, que abandonou a escola quando criança, chegou a ingressar na Educação de Jovens e Adultos (EJA), mas deixou a sala de aula após ser vítima de bullying.
A história de idosos que resolveram voltar para a sala de aula depois dos 60 anos, seja para realizar o sonho de fazer um curso superior, concluir o ensino médio ou até para aprender a ler e escrever é o tema da sétima reportagem da série especial “Uma vida pela frente”. São pessoas que assim como o jornalista Boris Casoy, que decidiu ocupar suas tardes com a nova formação de medicina veterinária, mostram que nunca é tarde para estudar.

Idosos matriculados em universidades de Rio Preto de 2011 a 2018
Tendência de aumento que também acontece nacionalmente. Dados do último Censo da Educação Superior, mostram que 27 mil idosos realizam cursos universitários no Brasil. O aumento foi puxado, principalmente, pelo ensino a distância. Com idosos cada vez mais conectados, estudar no conforto de casa estimulou eles a voltarem para a sala de aula.
Vera Lucia dos Santos Bellon, de 68 anos, é aluna do curso de psicologia da Unorp. Formada em pedagogia com ênfase em gestão escolar, a aposentada resolveu trocar o descanso pela qualificação. “Dificuldade a gente sempre encontra, mas tem as pessoas que nos ajuda. Claro, tenho obrigação de dona de casa, mas não deixo de me dedicar aos estudos”.
No caso de Elcio, a formação em direito também era um antigo desejo realizado aos 64 anos. “Como sou contador e professor universitário, o curso é também uma oportunidade de me especializar na área de direito tributário e me reinventar profissionalmente. Conhecimento nunca é demais”.
Projetos incentivam
Instituições de ensino superior de Rio Preto estão implantando programas para estimular a terceira idade a frequentar as universidades. Na Unorp, um programa oferece bolsas de até 100% para estudantes realizarem um curso superior nesta fase da vida. Já na Unesp, o projeto Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) oferece atividades para pessoas acima de 60 anos. Entretanto, com a pandemia da Covid-19, as atividades seguem suspensas.
O programa oferece descontos de 50% na mensalidade para alunos de 60 a 65 anos, 70% para alunos de 66 a 70 anos e 100% para alunos acima de 70 anos.