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Inflação da indústria fecha 2024 com alta de 9,42%, aponta IBGE


Os preços do setor industrial no Brasil registraram alta de 1,48% em dezembro de 2024 na comparação com novembro, marcando o décimo primeiro avanço consecutivo. No acumulado do ano, a inflação da indústria fechou com um aumento de 9,42%, o quarto maior valor desde o início da série histórica do Índice de Preços ao Produtor (IPP), em 2014. O resultado representa um salto de mais de 14 pontos percentuais em relação a 2023, quando o índice havia registrado retração de 4,99%. Os dados foram divulgados na terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta dos custos industriais também refletiu no Rio Grande do Norte. Pedro Albuquerque, assessor técnico do Observatório da Indústria Mais RN, da Federação das Indústrias do Estado (Fiern), aponta que fatores como a valorização do dólar e os juros elevados impactaram a indústria potiguar. “Os fatores que geraram aumento da inflação da indústria nacionalmente também se manifestaram em âmbito local. Destacam-se o alto valor do dólar, que encareceu os maquinários importados – já que parte das importações do RN são de máquinas e equipamentos –, e a Selic muito elevada, que encarece a tomada de crédito local”, explica.

O reflexo dessas condições, segundo Albuquerque, pôde ser observado na queda da confiança do empresário industrial em dezembro. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou 4,3 pontos, de 54,8 para 50,5. O maior impacto veio da percepção sobre as condições atuais da economia brasileira, que caiu 7,8 pontos, atingindo 39,3 – um dos menores patamares da série histórica.

Outro dado que evidencia os desafios enfrentados pela indústria no estado é a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que caiu de aproximadamente 50 pontos, para 37 no último mês do ano. “Os fatores apontados pelos empresários para essa queda incluem o alto custo da matéria-prima, a taxa de câmbio, a elevada carga tributária e a insegurança jurídica”, destaca o assessor técnico.

Diante desse cenário, a inflação da indústria registrada pelo IPP reforça as dificuldades enfrentadas pelo setor em 2024, com impactos diretos sobre os custos de produção e os desafios para a competitividade da indústria nacional e regional.

Murilo Alvim, analista do Índice de Preços ao Produtor (IPP), também reforça que o resultado de dezembro pode ser explicado, em parte, pela valorização do dólar ao longo do ano. “O câmbio, pela ótica do produtor, impacta diversos setores da indústria. Em dezembro, o dólar teve um aumento de 5% frente ao real e terminou o ano com uma alta acumulada de 24,5%”, afirma.

Setores como alimentos, metalurgia, químicos, fumo, madeira e outros equipamentos de transporte foram diretamente afetados pela variação cambial. O setor de alimentos foi o principal responsável pelo avanço dos preços no mês de dezembro, com impacto de 0,49 ponto percentual no índice geral, e também liderou as influências no acumulado do ano, com 3,48 p.p.

“Esse resultado é explicado, em grande parte, pelos maiores preços das carnes, especialmente as bovinas e de aves. O grupo de abate e fabricação de produtos de carne teve alta de 2,84% no mês e já vinha, desde agosto, registrando variações mensais acima de 2%”, detalha Alvim.

O aumento da demanda, a elevação das exportações e a valorização do dólar foram fatores determinantes para esse cenário. No acumulado do ano, o setor de alimentos apresentou alta de 14,08%, a maior desde 2021. Além das carnes, outros produtos também tiveram forte influência no índice anual, como o café, que subiu 69,28% devido à redução da oferta global, e o óleo de soja, que acompanhou a valorização do dólar e a intensificação das exportações.

Setores mais impactados
As atividades industriais que mais se destacaram no acumulado de 2024 foram metalurgia (29,29%), fumo (19,25%), madeira (17,97%) e outros equipamentos de transporte (17,68%). As maiores influências no índice geral vieram de alimentos (3,48 p.p.), metalurgia (1,71 p.p.), produtos químicos (0,94 p.p.) e veículos automotores (0,36 p.p.).

Entre as grandes categorias econômicas, a variação de preços ao longo do ano foi de 7,52% em bens de capital, 8,49% em bens intermediários e 11,24% em bens de consumo. Já na passagem de novembro para dezembro, a inflação foi de 1,40% em bens de capital, 1,74% em bens intermediários e 1,11% em bens de consumo.

Das 24 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, 22 registraram aumentos de preço em dezembro, com destaque para as indústrias extrativas (5,14%), metalurgia (4,73%), outros equipamentos de transporte (3,26%) e fumo (2,59%).


TRIBUNA DO NORTE

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