Os prós e contras da decisão da Meta de acabar com moderação nas redes
Apesar da relevância do tema, Sasso explica que ainda não existe uma solução para o problema da manipulação das informações divulgadas nas redes sociais. O uso político é a maior fonte de problema na discussão da liberdade de expressão nas redes sociais, na sua opinião. “O problema é eu usar [a moderação] para calar a voz que vai contra mim ou a minha narrativa. A grande pergunta é: como a gente isola o uso político? Se a gente conseguisse isolar o uso político, a gente conseguiria regular isso de uma maneira pró-democracia”, aponta.
Regulamentação europeia
Na Europa, onde a regulamentação do setor é maior, a Comissão Europeia rejeitou “categoricamente” as acusações de censura lançadas pelo presidente da Meta, Mark Zuckerberg. Diante da pressão das empresas de tecnologia americanas, o desafio do bloco será manter-se firme na regulação da internet sem, no entanto, prejudicar a sua relação com os Estados Unidos.
“Acho que a preocupação é totalmente legítima. O que era um risco, quando a gente imaginava um cenário um pouco futurista daquele empresário que domina uma empresa gigantesca e essa empresa faz coisas para dominar o mundo, eu acho que hoje é real”, compara Roberto Abramovitch.. “Não é mais uma suspeita, mas um desejo, uma ação de proprietários de mídia, que no caso é o Musk, de fazer esse tipo de interferência direta na política. Isso está acontecendo”, alerta.
Para Abramovich, a União Europeia tem razão de querer se proteger. “Se a gente olhar friamente na Europa, há uma transição gradual da esquerda para a direita. Esses grupos políticos estão sendo expostos através de pessoas como o Musk e o Trump. Então, isso realmente é preocupante”, afirma. “A Europa tem uma abordagem para economia de mercado que é um pouco mais protetora. Ela acredita que as entidades podem atuar, mas ela não acha que tem que ser um quadro de impunidade”, conclui.
Em contraposição, o pesquisador de tecnologias Rafael Sasso vê em Elon Musk um defensor da pluralidade nas redes socias. “O Musk é um caso de democrata que ficou chocado com o que os democratas fizeram nos últimos anos nos Estados Unidos e na política global pelos aparatos de inteligência”, avalia. “Quando comprou o Twitter, ele virou para outro lado. Como Musk, muita gente que votou no Trump também não é republicana. Eles estão sendo contra aquilo que foi feito nos últimos anos, contra as ações antidemocráticas que foram instauradas, contra as fake news oficiais”, analisa.
UOL